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Baseado em fatos

Rodrigo Correa de Barros
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Baseado em fatos

Atualizado por último em junho de 2023

Brain
Rodrigo Correa de Barros

Especialista em Marketing Imobiliário

Havia naquela empresa uma forte cultura quanto ao uso da tecnologia para desenvolver a área de negócios. É uma companhia forte, sempre pontuando e cumprindo metas. Seus diretores avaliam o desempenho em tempo real, mesmo aos finais de semana, observando os dashboards e celebrando o crescimento do share. Atuam no segmento de alimentação, no qual a produção não pode demorar para escoar, face ao tempo de validade dos produtos que manufatura.

Ocorre que na mesma empresa havia pressão demasiada por resultados. A força exercida sobre aqueles que geravam os números era descomunal e integral. O comandante do processo parecia ter saído de uma empresa dos anos 1980 direto para o século 21: duro, insensível, deselegante, imaturo, inseguro e demasiado irônico. Sua característica mais marcante: nada, nunca, era sua culpa.

Certo dia, ao observar que os resultados se mantinham estáticos por uma semana, os reuniu para tirar a temperatura. Como sempre, a reunião fora pesada, com cobranças severas, até que o gestor percebeu uma anomalia em toda a equipe: eles não estavam mais dispostos a empurrar a máquina de vendas. Ao perceber tal fato, agiu de modo enérgico e, batendo o punho cerrado na mesa exigiu “mais profissionalismo”, “mais força de vontade” e “mais dedicação”. O impacto do soco contra a madeira repercutiu de modo definitivo na equipe, que se demitiu em massa naquele exato momento.

Estava implantado o caos! Ao perceber que provocara um terremoto que o poria no epicentro de uma situação desagradável diante dos diretores, tentou de todas as maneiras recuar das palavras lançadas ao motim, pedindo, inclusive, desculpas pelo descontrole emocional... Mas estava feito. A equipe de produção comercial pediu pra sair. Eram vinte e cinco funcionários, dos quais oitenta por cento pediram demissão. Impossível prosseguir. Com o fato consolidado, as vendas despencaram mais de 20% em apenas cinco dias, uma vez que a vontade não fomentava mais os funcionários que permaneceram.

Exposto, o gestor foi sumariamente demitido, como contrapartida para segurar parte da equipe, o que funcionou prontamente.

De olho no ótimo time, um dos proprietários promoveu ao cargo de chefia um funcionário mais antigo e profundo conhecedor do processo de comercialização empregado. Delicado e emocionalmente inteligente, o novo gestor recuperou o ânimo dos seus jogadores, promoveu alternativas viáveis de ganho variável, ofereceu qualidade de vida no trabalho, recompensou aqueles que ponteavam e investiu para que os menos desenvolvidos aprendessem o ofício rapidamente, implantando um padrão de atuação ainda mais eficiente. A pressão por resultados continuou a existir, porém, tratada de modo humanizado.

Quanto ao antigo gestor?

Dia desses eu o vi como atendente no balcão de uma mundialmente conhecida loja de ferramentas. Digno, sem dúvida. Porém, clara lição de que no universo dos negócios as equipes comerciais são compostas por pessoas e que, ao contrário de décadas passadas, elas agora conhecem sua força, sua capacidade de influenciar e seu imenso poder corporativo.

Meu resumido - e verdadeiro - conto tem a seguinte moral: não se compra preparo, experiência e sensibilidade. Esses são aspectos adquiridos pela capacidade mutante dos bons profissionais e pela habilidade que desenvolvem ao longo do tempo, de ler cenários e seres humanos e, assim, desenvolvê-los através do que carregam de mais importante dentro de si.

Em vendas, inspirar é a melhor amálgama para unir profissionais em torno da tecnologia e da boa estratégia.

 

 

Rodrigo Corrêa de Barros é graduado em direito e planejador imobiliário, diretor da Cross Marketing

*O conteúdo deste artigo foi escrito por terceiros e não expressa necessariamente a opinião da Brain Inteligência Estratégica.

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