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Brain | Cinco passos para o avanço sólido da construção civil brasileira

Cinco passos para o avanço sólido da construção civil brasileira

Rodrigo Correa de Barros
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Cinco passos para o avanço sólido da construção civil brasileira

Atualizado por último em abril de 2023

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Rodrigo Correa de Barros

Especialista em Marketing Imobiliário

Movimentando trilhões de reais ao ano, o mercado da construção civil se fortalece e desponta como um dos mais atraentes para investimento de médio e de longo prazo, oferecendo uma gama variada de imóveis e de papéis para todos os perfis de investidores.

No entanto, nossa indústria ainda carece de visão que privilegie a inovação também nas áreas legais, de desenvolvimento de produtos e fabril, no sentido de se fortalecer e melhorar os resultados, hoje controlados na ponta do lápis.

Arrisco, em cinco aspectos pontuais, o que pode ser feito para que esse mercado se converta em um dos mais sólidos e rentáveis da economia nacional na próxima década.

1.   O investimento em tecnologia no canteiro de obras. A Constituição Nacional prevê que o governo tem a obrigação de gerar riquezas, empregos e oferecer atendimento de saúde aos brasileiros. É parte de uma visão modernista, que busca gerar ocupação remunerada ao homem do povo. Mas já não podemos ignorar que a tecnologia avança sobremaneira em todas as áreas. Máquinas de reboco, por exemplo, já cobrem mais área que um pedreiro experiente, em menos tempo, com mais qualidade e com menor perda de insumo. Mundo afora, a tecnologia transformou a construção civil na última década, criando uma nova forma de pensar e agir no canteiro de obras. Não podemos mais virar as costas para a inovação. É momento de nos prepararmos para a inserção de maquinário e de rever a postura protecionista.

2.   O desenvolvimento de mão de obra primária e secundária qualificadas. O mesmo pedreiro que se obriga ao trabalho de abaixar-se centenas de vezes ao dia para cobrir área de cimento em parede, por exemplo, agora pode operar a máquina que o faz. Basta que o vejamos como alguém capaz de se adaptar ao novo momento e que o treinemos para encontrar um sentido maior: a sensação de elevar-se na vida. O ganho de rendimento permite até mesmo que ele tenha um percentual de premiação por rendimento. Os legisladores que impedem que a evolução aconteça, atrofiam a indústria e ao homem que dela depende.

3.   A busca por inovações de real valor percebido pelo consumidor. Criar um empreendimento é obra complexa, exige visões diferentes, elevado trabalho intelectual, tanto quanto braçal. Nos últimos dez anos a evolução na especificação dos imóveis foi tamanha que em alguns casos o consumidor não acreditava que era possível comprar um apartamento já com a Alexa instalada ou uma casa com porcelanato fosco no piso. A indústria nos premiou com uma forma de pensar o mundo limpo e leve. E tem disponibilizado aos construtores inúmeras soluções de alto desempenho em técnica construtiva, revestimentos e acabamentos. A arquitetura mudou muito nesses últimos dez anos e alguns arquitetos já perceberam que o minimalismo está de novo em voga, com a devida vênia, para o alívio de todos! As construtoras mais ousadas têm experimentado, mas ainda é pouco. As mais tradicionais precisam escapar dos anos 1980 e lançar imóveis fluidos, leves, atraentes... Lembremos que isso impacta no desempenho de vendas, de modo direto. Temos que repensar a arquitetura de todas as linhas e, a exemplo do que fazem os paulistanos, inovar desde a volumetria até a especificação do imóvel.

4.   O controle dos estoques por nichos. Curitiba tem o clássico das histórias para contar a esse respeito. O ano era 1995 e uma de nossas construtoras, já falida, lançou (com sucesso arrebatador) o primeiro flat da cidade. Em menos de dois anos quase todas as grandes construtoras locais seguiram o mesmo caminho, criando um ambiente autofágico, calçado na superoferta. Ninguém mais queria um flat e os preços despencaram, assim como os resultados do investidor. O mesmo aconteceu com os lofts no início dos anos 2000 e, mais recentemente, com os apartamentos compactos, febre entre os investidores. Controlar a oferta de acordo com a demanda real é uma atitude de mercados com players experientes. Algumas praças ainda não meditaram sobre o quanto é importante manter os estoques regulados e, em razão de falta de pesquisas assertivas, colhem prejuízos e dissabores.

5.   O aumento da velocidade na aprovação de projetos junto aos órgãos públicos. Aqui o maior de todos os cancros do mercado de imóveis nacional. A aprovação de projetos anda em descompasso com um mundo no qual o que antes acontecia em dez anos hoje acontece em dez meses. Aquilo que antes acontecia em um mês agora acontece em uma hora... Os órgãos de aprovação ocupam espaço demasiado no tempo de desenvolvimento de produtos imobiliários, mantendo sob sua chancela os projetos por tempo demais. As devolutivas são morosas e não raro, de interpretação confusa. A indústria, que dá vida a um produto de maturação longa, sofre incrivelmente pela lentidão na aprovação de projetos e pelo despreparo do funcionário com o carimbo na mão. Absurdo e contradição para um país que precisa se desenvolver a passos largos.

Peso morto o funcionário público que cumpre expediente, e não metas e objetivos cristalinos. O investimento nas áreas de aprovação de projetos de construção civil ajuda a acelerar de modo incontestável o ciclo de renovação dos produtos, para não falar, claro, na arrecadação para os governos.

 

Rodrigo Corrêa de Barros é graduado em direito e planejador imobiliário, diretor da Cross Marketing

 

*O conteúdo deste artigo não expressa necessariamente a opinião da Brain Inteligência Estratégica.

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