Especialistas reconhecem desafios, mas as expectativas são positivas para o setor imobiliário em 2023

Mesmo com todos os desafios que a economia brasileira deverá enfrentar no decorrer deste ano, o setor imobiliário de modo geral vê o horizonte com expectativas positivas. Esta leitura de mercado foi realizada no webinar promovido pela Brain Inteligência Estratégica que colocou em pauta o tema Economia e Mercado Imobiliário: perspectivas e desafios para 2023

O evento aconteceu nesta quarta-feira (15) e contou com a participação do presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC) e economista-chefe do Secovi SP, Celso Petrucci, e da economista do Sinduscon MG e da CBIC, Ieda Maria Pereira Vasconcelos. O evento foi conduzido pelos sócios e dirigentes da Brain, Marcos Kahtalian e Fábio Tadeu Araújo.

Segundo Kahtalian, realizar o debate neste momento “é relevante para trazer a percepção dos empresários do setor imobiliário em relação ao desenvolvimento do mercado neste ano, além de abordar e debater aspectos da economia brasileira”. O sócio-fundador da Brain destacou ainda o lançamento oficial realizado ontem (14) pelo governo federal do novo programa Minha Casa, Minha Vida. “É um momento importante, e com isso conseguimos ter alguma ideia de como caminhará o ano”, disse.

Em sua participação inicial, o CEO da Brain, Fábio Tadeu Araújo, destacou os dados de uma pesquisa realizada recentemente pela Brain e GRI Club com empresários do setor, mostrando que 66% dos entrevistados têm excelente/boa expectativas para os seus negócios em 2023. “Se esta perspectiva se concretizar será ótimo porque cresceremos muito mais, comenta.  

Expectativas

“Nós temos expectativas positivas para o setor imobiliário, mas haverá também desafios que a economia brasileira nos coloca, assim como ocorreu em anos anteriores”, disse Vasconcelos.

A economista pontua que o setor da construção civil continuará crescendo acima do PIB brasileiro, assim como vem ocorrendo há dois anos. “Em 2021 a construção civil cresceu 10% enquanto a economia nacional cresceu 5%; já no ano passado o setor da construção cresceu 7% e a economia brasileira teve crescimento de 3%, portanto no biênio 2021/2022 a construção civil teve crescimento de 18% enquanto o crescimento gerado pela economia nacional atingiu 8%, expôs Vasconcelos. Segundo ela, esses números não representam um “céu de brigadeiro”, mas, sim, refletem a recuperação das perdas pelas quais o segmento passou no período de 2014 a 2020.

“As expectativas para o setor imobiliário e da construção são positivas no ano em curso porque o segmento é resiliente. O mercado, o incorporador e quem trabalha com a indústria da construção civil são resilientes”, destaca Petrucci. Segundo o economista, “este é o quarto ano que entramos com expectativa ruim e os últimos três surpreenderam favoravelmente”, comenta.

O roteiro de expectativas positivas para o setor em 2023 também se desenha com força na direção do segmento de habitação de interesse social. Ontem (14), o governo federal assinou medida provisória que coloca em prática a nova versão do programa Minha Casa, Minha Vida, que é uma das principais apostas trazidas já durante a campanha eleitoral. A meta é entregar mais de 2 milhões de moradias até 2026.

“A recuperação do programa de habitação social contribuirá muito com o mercado imobiliário brasileiro porque representa entre 70% e 75% desse mercado no país”, avalia Petrucci.

Desafios

No atual cenário, o principal desafio para o setor imobiliário e da construção civil se chama “taxa de juros elevada”. Segundo Vasconcelos, o principal problema que os empresários do segmento imobiliário enfrentam há dois semestres consecutivos é a taxa de juros elevada, deixando numa segunda posição a questão do custo de produção, que envolve, por exemplo, o preço dos insumos. 

Na leitura da economista, a taxa de juros é o principal desafio a ser enfrentado. “O desafio da alta taxa de juros além de influenciar na questão do financiamento imobiliário, influencia também no desempenho da economia e neste sentido no seu menor dinamismo”, avalia. 

O webinar apresentou outros temas relacionados à economia e ao mercado imobiliário, sempre com análise dos especialistas. Os detalhes podem ser acessados aqui.